quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Análise do filme " O Sorriso de Mona Lisa "
Lançado em 2003 , o filme " O sorriso de Mona Lisa " , que tem a atriz Júlia Roberts em seu elenco , conta a história de uma professora de arte na década de 1950 que vai ensinar numa escola feminista , escola essa que treina inúmeras jovens estadunidenses com o objetivo de transformá-las em excelentes mães e esposas.
A professora tenta influenciar as jovens para um pensamento liberal, contrária ao que a metodologia da escola pregava , com isso ela enfrenta desafios , entrando em conflito com a administração da escola e até com algumas alunas.
Através do filme, é possível identificar como eram as condições femininas no século XX , o modelo da mulher mãe, dona de casa, submissa ao esposo era predominante na sociedade da época, e as mulheres que iam contra esse modelo sofrima de diversas formas.
É notório como esse quadro e esse modelo mudou , atualmente as condições femininas estão em constante desenvolvimento, aquelas que não tinham o direito de votar numa democracia , hoje comandam países, como é o caso de diversas chefes de estado pelo mundo, inclusive no Brasil.
A tendência é que esse quadro de emancipação feminina continue numa crescente e que as mulheres continuem conquistando empregos e cargos que são tipicamente ocupados pelos homens.
Habitação popular : Cortiços no século XIX e favelas atuais.
O adultério na literatura realista
Adultério é uma palavra que significa literalmente na cama de outro que designava a prática da infidelidade conjugal,mas o adultério enfatizou um tema bastante importante na literatura " A traição Feminina é referida como causas de grandes conflitos",ou seja,o homem após a traição,é o resultado de agressão física a companheira e, essa violência pode causar até a morte.
Esse tema foi muito usado na literatura realista , principalmente nos livros de Machado de Assis , como Dom Casmurro, onde o autor deixa o leitor na dúvida da traição ou não de Capitu e no livro " O Primo Basílio " .
A pressão religiosa, educação ancestral das mulheres e a figura do esposo como líder nas decisões familiares faziam com que fosse normal e facilmente perdoado o adultério por parte do homem. Históricamente o homem podia cometer o adultério sem nenhum problema, mas quando a adúltera era a mulher os principios da sociedade mudavam e seguiam pra uma só visão, a de que era um absurdo e uma prática inaceitável.
No realismo , são muitas as explicações no que se diz respeito a explicação do adultério feminino, em Portugal a causa é uma alienação sócio-educacional sofrida pela mulher em meio a sociedade. Machado de Assis mostra que o motivo não é decorrente apenas da sociedade , mas de razões mais profundas, ligadas a afetividade e sexualidade , o autor coloca o tema polêmico como ponto chave em suas histórias abrindo uma interrogação na mente dos leitores em relação às possíveis traições , afinal as adúlteras são mocinhas ou vilãs ? Fica a critério de quem lê.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
As personagens femininas do realismo
Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)
Marcela- Prostituta esperta e interesseira que tira proveito do sentimento nutrido pelo jovem Brás Cubas e da inexperiência dele, para explorá-lo, levando-o, inclusive, a furtar jóias da mãe, para presenteá-la.
Capitu – Capitolina Santiago , vizinha e melhor amiga de infância de Bentinho, olhos de cigana obliqua e dissimulada. Teria ou não traído o marido Bento Santiago (Bentinho) com o maior amigo deste, Escobar.Transformou-se na grande polêmica sobre a narrativa.
O romance nas telas de cinema
O Cortiço, em virtude da sua qualidade e relevância para a história da literatura, acabou nas telas do cinema, sob a direção de Francisco Ramalho Jr., com Betty Faria representando Rita Baiana. Aluísio de Azevedo afirmou-se enquanto um escritor
crítico dos costumes sociais da época. A sociedade no estrato da pequena-burguesia, não possuía nenhuma orientação ideológica de classe. E agora? Como está essa situação? Reflita a respeito! O português João Romão explorava os sem-teto da
época, e os fazia devedores infindáveis do dinheiro das mercadorias que compravam em seu armazém. Podemos observar que o romance lido intertextualiza com “Cidade de Deus”, o romance de Paulo Lins e o filme de Fernando Meirelles. O domínio do tráfico de drogas nas favelas da cidade contribui para a manutenção do caos urbano. “Cidade de Deus” é a evolução de “O Cortiço” onde existe um número maior de personagens intensos, e estes explodem numa violência sem fim. Trazendo medo a todas as
camadas da sociedade. Segundo a teoria de Charles Darwin (1809-1882), a
sobrevivência dos organismos depende de sua adaptação ao meio. Serão selecionados para aquele ambiente, portanto, os organismos que se adaptarem melhor. Outro fator destacado por Darwin é a luta pela sobrevivência entre os descendentes, pois embora nasçam muitos indivíduos poucos atingem a maturidade. O número de personagens que perde a vida cedo é ainda maior. “Cidade de Deus” mostra muito bem este aspecto, jovens iniciam sua vida criminosa cada vez mais cedo, assim devido a constante guerra entre traficantes faz dessas crianças, jovens cadáveres. Os indivíduos são determinados através da seleção natural mantendo ou melhorando a adaptação
destes ao meio. Podemos, no entanto, considerar esta teoria da seguinte forma que “Cidade de Deus” é descendente de “O Cortiço”. Fortaleceu-se devido à concentração de caracteres tais como violência e o uso constante de drogas, seja álcool (O Cortiço) seja cocaína (Cidade de Deus). Assim podemos constatar que a seleção natural teorizada por Darwin transformou-se em seleção criminal. Ou seja, os portadores de variações desfavoráveis, ou considerados frágeis, são eliminados pelos portadores de variações favoráveis, ou fortes. Dessa forma, na lei da seleção criminal a força física nem sempre vence na guerra do crime, o mais forte é o mais esperto, aquele que se impõe sobre os outros, amedrontando a comunidade. Outra semelhança encontrada nas obras é a filosofia determinista de Taine. Partindo do princípio de que todo evento tem causa e que, ocorrendo esta causa, o evento acontece invariavelmente. Encontramos tanto em “O Cortiço” quanto em “Cidade de Deus” muitos personagens corrompidos pelo meio. Outros, porém poucos, levaram-se pelo livre-arbítrio como é
o caso de Busca-Pé em “Cidade de Deus” e Piedade em “O Cortiço”. Piedade luta bravamente contra as influências do cortiço, inicialmente consegue, mantém-se ilesa aos vícios e prazeres mundanos. O aspirante a fotógrafo Busca-Pé escapa do círculo
vicioso da contravenção, mostrando uma alternativa virtuosa à guerra que o cerca desde criança. É o garoto vitorioso que não foi corrompido pelo meio, escapando do determinismo e da perspectiva do desalento. Por isso sua vitória parece tão gloriosa,
tão digna de admiração. Outra semelhança entre Busca-Pé e Piedade é o gosto por se entorpecer. O garoto não se rende ao vício como a mulher, embora gostasse de fumar um baseado com seus amigos e sempre dizia aos caretas que a maconha era a luz de sua vida: dava sede, fome e sono! Zé Pequeno luta com armas e cocaína para atingir
seus objetivos, o principal é conseguir a boca-defumo de Cenoura, pois as outras já havia dominado. Nesse delírio de ser o único traficante da Cidade de Deus, Pequeno mostra-nos uma incrível semelhança com João Romão. Falta de escrúpulos somado à
ganância e a uma arma na mão, faz de Pequeno, o maior traficante da Cidade de Deus, respeitado pelos outros e temido por inocentes como Busca-Pé. Tal qual Romão adultera a mercadoria e explora pequenos criminosos, como assaltantes e aviõezinhos. Desde criança mostra-se sangue-frio, principalmente, após a chacina no motel. Devido aos crimes adquire uma visibilidade no meio em que vive digna de um pop star.
Fonte : [ CANDIDO, Antônio. De cortiço a cortiço. In : O discurso e a cidade]
Resenha da Obra (Resumo)
João Romão, português, bronco e ambicioso, ajuntando dinheiro a poder de penosos sacrifícios, compra pequeno estabelecimento comercial no subúrbio da cidade - Rio de Janeiro. Ao lado morava uma preta, escrava fugida, trabalhadeira, que possuía uma quitanda e umas economias. Os dois amasiam-se, passando a escrava a trabalhar como burro de carga para João Romão. Com o dinheiro de Bertoloza -assim se chamava a ex-escrava, o português compra algumas braças de terra e alarga sua propriedade. Para agradar a Bertoleza, forja uma falsa carta de alforria. Com o decorrer do tempo, João Romão compra mais terras e nelas constrói três casinhas que imediatamente aluga. O negócio dá certo o novos cubículos se vão amontoando na propriedade do português. A procura de habitação é enorme, e João Romão, ganancioso, acaba construindo vasto e movimentado cortiço. Ao lado vem morar outro português, mas de classe elevada, com certos ares de pessoa importante, o Senhor Miranda, cuja mulher leva vida irregular. Miranda não se dá com João Romão, nem vê com bons olhos o cortiço perto de sua casa. No cortiço moram os mais variados tipos: brancos, pretos, mulatos, lavadeiras, malandros, assassinos, vadios, benzedeiras etc. Entre outros: a Machona, lavadeira gritalhona, - cujos filhos não se pareciam uns com os outros; Alexandre, mulato pernóstico; Pombinha, moça franzina que se desencaminha por influência das más companhias; Rita Baiana, mulata faceira que andava amigada na ocasião com Firmo, malandro valentão; Jerônimo e sua mulher, e outros mais. João Romão tem agora uma pedreira que lhe dá muito dinheiro. No cortiço há festas com certa freqüência, destacando-se nelas Rita Baiana como dançarina provocante e sensual, o que faz Jerônimo perder a cabeça. Enciumado, Firmo acaba brigando com Jerônimo e, hábil na capoeira, abre a barriga dó rival com a navalha e foge. Naquela mesma rua, outro cortiço se forma. Os moradores do cortiço de João Romão chamam-no de - Cabeça-de-gato; como revide, recebem o apelido de - Carapicus. Firmo passara a morar no - Cabeça-de-Gato, onde se torna chefe dos malandros. Jerônimo, que havia sido internado em um hospital após a briga com Firmo, arma uma emboscada traiçoeira para o malandro e o mata a pauladas, fugindo em seguida com Rita Baiana, abandonando a mulher. Querendo vingar a morte de Firmo, os moradores do - Cabeça-de-gato travam séria briga com os - Carapicus. Um incêndio, porém, em vários barracos do cortiço de João Romão põe fim à briga coletiva. O português, agora endinheirado, reconstrói o cortiço, dando-lhe nova feição e pretende realizar um objetivo que há tempos vinha alimentando: casar-se com uma mulher - de fina educação, legitimamente. Lança os olhos em Zulmira, filha do Miranda. Botelho, um velho parasita que reside com a família do Miranda e de grande influência junto deste, aplaina o caminho para João Romão, mediante o pagamento de vinte contos de réis. E em breve os dois patrícios, por interesse, se tornam amigos e o casamento é coisa certa. Só há uma dificuldade: Bertoleza. João Romão arranja um piano para livrar- se dela: manda um aviso aos antigos proprietários da escrava, denunciando-lhe o paradeiro. Pouco tempo depois, surge a polícia na casa de João Romão para levar Bertoleza aos seus antigos senhores. A escrava compreende o destino que lhe estava reservado, suicida-se, cortando o ventre com a mesma faca com que estava limpando o peixe para a refeição de João Romão.
Fonte : www.culturatura.com.br